Meu pai sempre teve cara fechada. Do tipo que você só de você olhar pra ele já fica com medo de levar bronca, sabe? Não é para menos, japonês costuma ter um perfil muito rígido mesmo. Mas acho que ninguém conhece bem meu pai (para provar isso, até coloquei uma foto dele sorrindo!). Apesar das broncas que são de fazer o mais macho dos homens chorar de rolar no chão e pedir desculpas (haha, exagero meu), meu pai é super brincalhão.
E eu herdei esse humor estragado dele. Às vezes me controlo muito para não fazer uma piadinha muito malvada para determinada situação.
Assim que mudei meu pai me ligava para perguntar se a casa estava tão bagunçada quanto o meu quarto era. Fazia mil piadinhas da minha adaptação fora de casa.
Depois as coisas melhoraram um pouco, se antes ele me ligava dizendo que não era para matar os besouros que apareciam em casa porque eram minha única companhia, ele passou a ligar para dizer que aquela banda “ruim” que eu gosto estava tocando em determinado canal da TV.
Meu pai está com 70 anos e é o cara mais inteligente, saudável e disposto que eu já conheco. Ele caminha e corre todos os dias, e toma conta dos serviços da casa quando minha mãe está trabalhando. A verdade mesmo é que eu sinto falta de ter esse senso de humor dele presente todos os dias.
Tenho saudade da mania dele de colocar pilhas em todos os meus relógios, o que fazia com que todos eles despertassem em diferentes horas da madrugada. (Tenho quase certeza que era de propósito!)
Saudade de quando ele me dizia "você tem mais 15 minutinhos" antes de me obrigar a levantar.
Saudade de quando ele percebia que eu estava com raiva de algo e perguntava "qual energia você está enviando ao mundo agora? Isso aí não atrai coisa boa".
Saudade de querer falar com ele, mas ter que esperar ele terminar a página do livro que está lendo enquanto me ignorava tranquilamente.
Saudade de quando ele grifava os inúmeros livros que tem só para ler para mim depois.
Essa é a parte mais difícil de ter ido morar longe. Sinto falta dos meus pais. Muita falta mesmo. Sempre fui muito apegada a eles, e apesar de estar feliz com minha decisão, sempre bate aquela vontade de ver eles todos os dias.
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