Ele tinha uma sacola nas mãos, olhei curiosa, era chocolate,
conhecia a marca. Ele apenas me estendeu e eu agradeci feliz e com um beijo
entre sorrisos, pendurei em um dos braços e me dirigi a fila para que comprássemos
minha passagem de volta, afinal, ainda é preciso garantir minha volta.
Durante a espera, ele insistiu para que eu abrisse a sacola.
Eu disse apenas que atacaria o chocolate assim que comprasse a passagem e
bebesse um pouco de água, ele insistiu mais, concluí que ele queria um chocolate
naquele instante. Abri a sacola, mas não encontrei apenas trufas, junto estava
um embrulhinho, pequeno, delicado e prateado.
O título denuncia, sei que denuncia, mas me soou tão delicado,
não tive coragem de mudar, perdoem meu lado emotivo. Assim que tirei-o da
caixinha fiquei sem reação, eu só ria. E ele disse que se parecia comigo, porque
eu seria uma bailarina.
Era um gesto simples, um presente casual mas que significou
tudo. Tudo porque quando se ama alguém que apoia os seus sonhos fica mais
bonito, o amor é doce e a vida menos amarga. Nós sabíamos que não seria agora
por mais que eu tivesse corrido atrás das aulas, nós sabíamos que as condições
do momento, minha saída do estágio, o preço de nossa viagem juntos seriam
barreiras por hora. Mas sabíamos também que não durariam para sempre.
Agora, na distância, sorrio só de olhá-lo, e olho sempre que
me deparo com uma situação difícil. Lembro assim que tem alguém que me apoia
por mais que meus sonhos sejam mais altos do que a escada alcança por hora.
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