15.6.13

O colar de bailarina


Eu cheguei na rodoviária ansiosa como de costume, procurei por ele e o encontrei sorridente. Desci do ônibus pronta para ficar ali, no abraço que é meu. Era mais um dia nosso, mais um fim de semana todo nosso, para curtirmos juntinhos, compensando o intervalo em que estivemos distantes.

Ele tinha uma sacola nas mãos, olhei curiosa, era chocolate, conhecia a marca. Ele apenas me estendeu e eu agradeci feliz e com um beijo entre sorrisos, pendurei em um dos braços e me dirigi a fila para que comprássemos minha passagem de volta, afinal, ainda é preciso garantir minha volta.

Durante a espera, ele insistiu para que eu abrisse a sacola. Eu disse apenas que atacaria o chocolate assim que comprasse a passagem e bebesse um pouco de água, ele insistiu mais, concluí que ele queria um chocolate naquele instante. Abri a sacola, mas não encontrei apenas trufas, junto estava um embrulhinho, pequeno, delicado e prateado.

O título denuncia, sei que denuncia, mas me soou tão delicado, não tive coragem de mudar, perdoem meu lado emotivo. Assim que tirei-o da caixinha fiquei sem reação, eu só ria. E ele disse que se parecia comigo, porque eu seria uma bailarina.

Era um gesto simples, um presente casual mas que significou tudo. Tudo porque quando se ama alguém que apoia os seus sonhos fica mais bonito, o amor é doce e a vida menos amarga. Nós sabíamos que não seria agora por mais que eu tivesse corrido atrás das aulas, nós sabíamos que as condições do momento, minha saída do estágio, o preço de nossa viagem juntos seriam barreiras por hora. Mas sabíamos também que não durariam para sempre.

Agora, na distância, sorrio só de olhá-lo, e olho sempre que me deparo com uma situação difícil. Lembro assim que tem alguém que me apoia por mais que meus sonhos sejam mais altos do que a escada alcança por hora.

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