10.7.13

Da série de contos: 4h40

     Dormia enquanto Moonlight preenchia o cômodo frio. Todas as noites eram assim agora, o disco rodava expondo todas as recordações, expondo todas as feridas que não estavam completamente fechadas.
     Lembrava-se sempre do dia em que o ganhara. Era seu aniversario de dezesseis, ele a chamou para ir até a varanda e empurrou-lhe  o presente, um embrulho achatado que foi rapidamente aberto, resultando em um enorme sorriso nos lábios dela e no aumento do brilho nos olhos dele.
     O disco com a música que tocara naquela cafeteria. O melhor presente de todos.
     Se ele soubesse hoje a falta que lhe fazia provavelmente jamais teria partido. Partido sem ela. Tampouco se pode culpa-lo, ele não escolheu isso.

     Todas as noites às 4:40, quando a tranqüilidade lhe era garantida , a música parava, mesmo que o repeat estivesse pressionado, mesmo que ninguém fosse visto por ali. E ela nunca procurou por explicações, no fundo, não lhe eram necessárias. O som cessava, sobrando apenas sua respiração lenta e regular.

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