Dormia enquanto Moonlight preenchia o cômodo frio. Todas as
noites eram assim agora, o disco rodava expondo todas as recordações, expondo
todas as feridas que não estavam completamente fechadas.
Lembrava-se sempre do dia em que o ganhara. Era seu
aniversario de dezesseis, ele a chamou para ir até a varanda e empurrou-lhe o presente, um embrulho achatado que foi
rapidamente aberto, resultando em um enorme sorriso nos lábios dela e no aumento
do brilho nos olhos dele.
O disco com a música que tocara naquela cafeteria. O melhor
presente de todos.
Se ele soubesse hoje a falta que lhe fazia provavelmente
jamais teria partido. Partido sem ela. Tampouco se pode culpa-lo, ele não
escolheu isso.
Todas as noites às 4:40, quando a tranqüilidade lhe era
garantida , a música parava, mesmo que o repeat estivesse pressionado, mesmo que
ninguém fosse visto por ali. E ela nunca procurou por explicações, no fundo, não
lhe eram necessárias. O som cessava, sobrando apenas sua respiração lenta e
regular.
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