Tenho uma mania de me despedir rápido, de tentar liberar a pessoa da minha presença o mais rápido possível.
Os primeiros sinais apareceram desde pequeninha. Quando uma
tia minha que nunca vi na vida ligava lá do Japão eu já disparava “Ah, quer
falar com meu pai?” e passava rapidinho pensando que estava atrasando a
conversa. Foi assim até o dia em que ela reclamou com a
minha mãe que não conseguia puxar assunto comigo, minha mãe tratou como falta de educação na época.
Depois isso se tornou uma dificuldade para fazer amizades,
as pessoas vinham falar comigo e eu tentava ser rápida, objetiva, para que não
perdessem seu tempo, então, elas achavam que eu não gostava de falar com elas.
Nisso eu estou melhorando, mas ainda me pego terminando as frases pela metade,
falando tão rápido que não fica entendível.
Ainda tenho a mania das despedidas rápidas, a pessoa começa a dizer que precisa
desligar, ir embora, sair do mundo online e eu já dispara “Ok, então, bom dia/
boa tarde/ boa noite e até mais. Beijos”.
A questão é baixa auto estima, pensava. Mas nem sempre é
isso. Nos casos acima é sim, mas em outros tem outro motivo. Uma vez meu pai
queria justificativas do porque eu não ter pedido ajuda para fazer algo, eu
respondi que não queria incomodar ninguém, crente que estava fazendo uma boa
ação. Só que para o meu pai, não. A resposta veio como uma bala “Você não quer
incomodar porque tem medo de ser incomodada”.
Isso me fez refletir. Quando a gente incomoda, abre espaço
que a pessoa te incomode de volta, não é que eu não queira ser incomodada
sempre, mas eu tinha medo, medo de ter minha privacidade invadida, medo de
deixar que se aproximassem e eu não estivesse na minha zona segura. Medo que
viessem, bagunçassem por dentro e saíssem sem reparar os danos.
Enfim, estou tentando viver sem medo de atrapalhar, me sinto até mais leve com essa nova meta.
Enfim, estou tentando viver sem medo de atrapalhar, me sinto até mais leve com essa nova meta.
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