Sinto uma leve irritação subindo minha nuca quando as portas são abertas com força, com rapidez, com um estrondo. Eu gosto de gente que, por natureza, abre porta devagar. Como quem estuda antes o ambiente e compara se ele está tão calmo quanto si. Quem abre a porta com delicadeza tem calmaria na alma, vive de bem com seu mundo interior. É feliz, sem precisar de um grande estouro, de uma grande entrada na vida dos outros, é feliz sem depender do mundo lá fora. Quem abre a porta devagar sabe chegar de mansinho, sussurrar ao pé do ouvido, fazer mistério, fazer surpresas, provocar uma gargalhada. Quem abre a porta devagar sabe fugir também, quando lhe é necessário. Essas pessoas abrem com delicadeza, mas não por serem indefesas e sim independentes. Sábias as pessoas que abrem a porta devagar.
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