9.11.13

Dependência



Se tem uma coisa que ela aprendeu em todas as experiências que teve, é o quanto é ruim depender das pessoas. Ela sabia que não podia contar com elas nos trabalhos em grupo, ela sabia que não podia contar com elas para guardar segredos e agora sabe que pode contar ainda menos para favores. Mesmo os mais próximos acabam decepcionando uma hora ou outra, e ela aprendeu isso de uma forma que não acharia possível.

O dia começou com o pé esquerdo. Mas, teimosa como é, não encarou isso como um presságio. Relevar. Ela tenta aplicar mais essa palavra à sua rotina, o tempo mostrou essa necessidade. Mas, agora ficou definitivamente esclarecido que relevar será necessário até possuir suas cores desbotadas pelo desgaste causado pelo excesso de uso.

O dia continuou, quase que silencioso, tornando-se mais uma decepção. Respirou fundo, colocou um sorriso no rosto e esqueceu. Deixou passar. Quando as palavras finalmente vieram ao seu encontro, vieram secas, vieram afiadas, atingindo os favores dos quais ela era dependente.

Respirou fundo mais uma vez e relevou. Afinal, era necessário, não? O problema foi que depois vieram as próximas palavras. Continuaram afiadas, vieram apontar defeitos. “Falar é fácil” veio e remou mais forte que a sua maré de positividade, venceu o fluxo com tanta facilidade que ela logo viu que essa pequena frase não estava ali para brincadeiras. As palavras vieram para fazer os olhos transbordarem, o coração diminuir e a garganta fechar. E ela sorriu, disse que tinha coisas para fazer e que depois retornaria. Quando o telefone ficou mudo, a maré de positividade escorreu para fora junto com o líquido dos olhos.

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